AS RAZÕES DA ENCARNAÇÃO DE CRISTO
AS RAZÕES DA ENCARNAÇÃO DE CRISTO
Texto Bíblico: Is 7.14.
“E o verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai cheio de graça e de verdade”.
Como acontece de importante que o nascimento dum menino há mais de 2.000 anos ainda hoje tem significação? Por que aconteceu a peregrinação de pastores, e sábios forasteiros a Seu berço? Por que a luz cintilante da estrela de Belém e coro angelical anunciaram sobre os outeiros de Davi “Paz na terra e boa vontade para com todos os homens?” Tudo isso aconteceu porque Deus se encarnou em forma humana – mistério insondável e precioso para todos nós!
O nascimento de qualquer criança já é um mistério. Ninguém entende o progresso pelo qual se forma o organismo humano com seu dinamismo químico vital. Ninguém sabe desvendar o mistério da sua individualidade que o faz diferente de todos os outros seres humanos.
A criança representa o elo entre o passado e o futuro, preservando a continuidade da sociedade, cultura e a civilização. É a criança que pode aprender, adquirir, herdar, apreciar e transmitir as riquezas do passado. A criança encerra em si a promessa e o desbrochar da potencialidade. Todos os líderes da raça foram uma vez infantes absolutamente dependentes daqueles que os cercavam. Como é interessante conjeturar sobre o que será no futuro um nenê que hoje nasceu. A criança é também a segurança e o penhor da continuidade da vida no mundo. Como as gerações se sucederam durante os séculos; os nascimentos se registraram também em tempos de fome, peste e guerra – e hoje também mesmo à sombra do holocausto atômico que seria uma nova guerra mundial. Mas hoje celebramos o nascimento, não de uma criança comum, mas sim duma criança incomum- Jesus, o Filho de Deus, o Salvador do mundo, nascimento que, além dos mistérios aludidos, ainda apresenta o maior mistério de duas naturezas, a divina e a humana, em uma só pessoa!
Assim falaram os profetas que o Redentor seria Deus e homem. Em Gn 3.15 lemos que a “semente da mulher” isto é, o nascido da Virgem, feriria a cabeça da serpente. Isaías teve muito cuidado em apontar o fato de que o Messias seria “UM MENINO” que “nos nasceu”, isto é, da raça humana, e ao mesmo tempo seria “O FILHO que se nos DEU”, isto é, o Seu eterno Filho que Deus deu ao mundo. Sua humanidade apareceu em Belém, mas Sua divindade já é desde a eternidade. Por que era necessária essa encarnação? Pelas seguintes razões:
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Para dar ao mundo o Emanuel, que significa “Deus conosco”. Só assim podia o eterno pré-existente Deus estar entre nós revestido de uma vida igual à nossa. Jesus, quando esteve entre os homens aqui na terra, como “Emanuel”, possuía ao mesmo tempo a plenitude divina.
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Era necessária a encarnação para revelar Deus aos homens. Como o Verbo, (ou o Logos, no original) Jesus se fez carne e habitou entre nós. É a melhor maneira que temos de compreender o que Deus é. Jesus, respondendo à pergunta de Felipe, disse: “Quem vê a mim, vê o Pai”. É exclusivamente por Jesus que o mundo pode ter uma idéia ou opinião certa sobre Deus, Sua natureza e Seu amor.
Há anos passados, na Índia, houve um professor de universidade que muito bem examinou as várias filosofias ali propagadas, o Hindoísmo, o Maometanismo, o Budismo, e diversas outras, contudo, sem encontrar nelas a satisfação íntima que anelava. Notando a alegria e o ânimo dos cristãos, resolveu indagar dos missionários acerca da religião cristã. Explicaram-lhe o que significava a mensagem de Natal, que Cristo encarnou a fim de nos redimir. Mas essa mensagem não lhe servia, pois lhe fora ensinado que o infinitamente puro não poderia unir-se com o homem material. Como budista, considerava o corpo como a sede do mal. Ele se esforçava tanto para se comportar direito a fim de evitar o ciclo vicioso de reencarnações e morte, e assim finalmente livrar-se-ia do corpo. Como podia crer que Deus então entraria num corpo? Mas aconteceu certo dia que estava no campo meditando e ali perto dele estava um grande formigueiro. Sendo entomólogo, (especialista em insetos), ficou interessado em observar a atividade dessas pequenas criaturas. Como trabalhavam! Como se comunicavam uns com os outros! Como armazenavam no verão a sua comida para o inverno! Estava fascinado e chegou pertinho para observá-los bem. Mas ao fazer assim, criou-se uma sombra sobre os insetos, assustando-os de maneira que pararam com seus trabalhos. Esse vulto enorme de homem os havia amedrontado! Quando se afastou um pouco, logo reiniciaram sua atividade. O professor, então pensou: “Ah, se eu pudesse falar com vocês formiguinhas o que penso! Não precisam ter receios, porque eu, budista, não mato ninguém! Ah, se eu pudesse explicar-lhes o amor que tenho para com vocês!” De repente veio-lhe este pensamento: “Como poderei eu comunicar com as formigas? Só se eu, por um milagre, pudesse unir-me com uma formiga, e, como formiga, andar entre elas e assim explicar-lhes os meus pensamentos”. No mesmo instante, o Espírito Santo iluminou seu coração para compreender que é isso mesmo que Deus fez. Disse ele: “Agora sei; é o mistério da encarnação!”. Deus quis revelar Seu pensamento de amor para com os homens e fez unir Sua divindade com o corpo, a alma e o espírito do homem e andou entre nós! De todos é Jesus a manifestação de Deus e, portanto, João testificou: “Vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.
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Outra razão da Encarnação era promover o “parente mais chegado”. Jesus tornou-se Filho do homem para poder redimir a inteira raça humana. Em Lv 25.47-50 temos a bela ilustração dessa providência, pela qual o israelita que fora vendido na escravatura poderia ser comprado por um parente chegado. Nós, que fomos escravos do pecado, fomos comprados pelo precioso sangue de Cristo e libertos da escravatura.
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A Encarnação construiu a ponte sobre o abismo existente entre Deus e o homem. Mesmo em tempos remotos, o velho patriarca Jó anelava por essa ponte dizendo: “Porque Ele (Deus) não é homem, como eu, a quem eu responda, vindo juntamente a juízo. Não há entre nós “árbitro” que ponha a mão sobre nós ambos” (Jó 9.32,33). Graças a Deus, na pessoa de Jesus, nascido em carne humana, participante da natureza humana, apareceu esse “Árbitro” que, segurando a mão de Deus santo e a mão do pecador, efetua a perfeita reconciliação!.
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A Encarnação fez vencer o diabo no mesmo campo de batalha em que o primeiro Adão foi vencido. Quando Adão pecou, sendo ele a cabeça da raça humana, ele desgraçou toda essa raça. Mas o segundo Adão, Cristo, enfrentou Satanás, e sem usar a Sua deidade inocente, venceu-o uma vez para sempre. Paulo assim ensinou dizendo: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida” (Rm 5.18).
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A Encarnação permitiu a Jesus sofrer a morte e assim destruir a mesma. Essa tão profunda verdade foi expressa pelo apóstolo nas seguintes palavras: “Visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o Diabo... porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão” Hb 2.14,16. Portanto, sobre o “Bebê de Belém” já pairava a sombra da cruz! Esse “Nenê”, Deus encarnado, perfeito e imaculado, inteiramente aceitável a Deus como o sacrifício, seria o “Cordeiro de Deus” que levaria os pecados de todos nós! Essa é a mensagem de natal, mensagem que inspira e alegra mensagem que revela o amor de Deus!
Certa vez um casal de missionários que trabalhava entre os indígenas de certa tribo nas margens duma grande lagoa africana, resolveu evangelizar outras tribos selvagens que morava do lado oposto. Pondo a esposa e o bebê na canoa, com um dos ajudantes, o pastor iniciou a viagem. Ao aproximar-se da vila na outra margem, notaram a presença duma multidão de selvícolas ameaçando-os com suas lanças, avisando-os de que não se aproximassem, sob pena de morte. Não queriam o missionário e nem a sua mensagem! Esperaram algum tempo, pesando que talvez esse povo mudasse de atitude. Mas assim não aconteceu. Então veio ao missionário uma idéia, e disse a esposa: “Meu bem, você quer me confiar o nosso nenê?” Trêmula, a mãe perguntou: “Que vai fazer?” Ele repetiu a pergunta: “Quer me confiar?” A esposa disse: “Meu bem, o filhinho é tanto seu como meu”, e o entregou ao marido. Com essa carga preciosa, ele saiu do barco com água até ao peito e começou a caminhar em direção à praia. Os selvícolas olharam estupefatos para a cena comovedora. Um após outro deixou cair sua lança e foram à margem da água para ver, pela primeira vez o rosto do pequenino bebê branco. De comum acordo deram as boas vindas aos missionários, percebendo que o homem que lhes chegava com seu bebê nos braços não vinha com más intenções, mas sim com as melhores.
Deus veio ao mundo hostil como bebê a fim de nos convencer de Sua intenção amorosa para conosco. Que história importante para aqueles que abrem os seus corações para recebê-lo! Digamos com João: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a Sua Glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade!”
Pr. Adilson Faria Soares.